07/11/2012 às 13h35

Pacientes crônicos passam a ter UTI em casa

Secretaria implanta Atenção Domiciliar de Alta Complexidade e humaniza atendimento

A Secretaria de Saúde passa a oferecer, a partir desta quarta-feira (7), o serviço de Home Care - internação domiciliar para pacientes de alta complexidade. Em Brasília, 40 pacientes crônicos serão transferidos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) de vários hospitais para suas residências, numa iniciativa pioneira no setor publico que visa assegurar assistência com qualidade de vida dentro do próprio lar. “A ação faz parte de todo um planejamento para ampliar o número de leitos de UTI”, informa o secretário de Saúde Rafael Barbosa.

Segundo Barbosa, a SES-DF contratou a empresa Medilar, de São Paulo, por meio de licitação, para fornecer o serviço de home care aos pacientes da capital federal. A iniciativa, além de favorecer as famílias e os pacientes, vai proporcionar economia aos cofres públicos. “Cada paciente internado numa UTI tem um custo médio de R$ 3 mil por dia à SES. Já a diária do serviço de home care vai custar cerca de R$ 1,2 mil”.

A princípio, serão beneficiados 18 pacientes que possuem algum tipo de doença ou problema de saúde que os impede de respirar sem ajuda de aparelhos, geralmente relacionados a sequelas neurológicas. Alguns exemplos são os casos de portadores de esclerose lateral amiotrófica, atrofia muscular espinal infantil tipo I, doença do neurônio motor, paralisia cerebral quadriplégica espástica e distrofia muscular.

Com o novo serviço, a Secretaria de Saúde pretende suspender os contratos que garantem a internação domiciliar de alta complexidade a oito pacientes que obtiveram a medida por meio de decisão judicial. “Vamos analisar caso a caso e ver como será feita essa transição”, informa o subsecretário de Atenção à Saúde da SES, Roberto Bittencourt.

A primeira paciente a ser beneficiada será a menina Raphaela dos Santos Gava Cardoso, de nove anos, internada há um ano e dez meses na UTI do Hospital Regional de Santa Maria. Portadora de uma síndrome não especificada, a criança sofreu uma parada cardíaca e passou a necessitar de ventilação mecânica desde então. A transferência era um anseio da família, que reside no Incra 6, em Brazlândia. “Já está tudo pronto aqui em casa, só falta ela”, comenta a irmã da paciente, Suelen dos Santos Gava Pereira.

Para ser incluído no Serviço de Atenção Domiciliar de Alta Complexidade (SAD-AC) da SES, o paciente que depende de aparelho de ventilação mecânica deve ser classificado pela equipe médica como de alta complexidade. Esta classificação é feita por meio de avaliação do diagnóstico, condições clínicas, necessidades do paciente relacionadas ao uso de aparelhos e cuidados intensivos de enfermagem. Além disso, é obrigatório que o doente more no Distrito Federal em condições adequadas às exigências necessárias à assistência domiciliar.

A Secretaria de Saúde vai disponibilizar todos os equipamentos, medicamentos, dietas, tratamentos, exames e recursos necessários para assistência do paciente em casa. A internação domiciliar inclui atendimento individualizado e humanizado, nas 24 horas do dia. “O atendimento abrange desde casos simples, como curativos e aplicação de medicamentos, até procedimentos mais complexos como ventilação mecânica”, diz o gerente de Assistência Intensiva da Secretaria de Saúde, Rubens Antônio Bento Ribeiro.

A família terá que assinar um termo de consentimento formal para que o serviço seja realizado. Uma equipe multidisciplinar de saúde formada por médico, enfermeiro, nutricionista e fisioterapeuta cuidará do paciente. Um técnico de enfermagem permanecerá 24 horas por dia, sete dias por semana, junto ao paciente e será responsável pelo manuseio dos equipamentos.

Os pacientes permanecerão em casa durante o tempo necessário para a sua assistência. Somente deixarão o SAD-AC os pacientes que evoluírem com melhora clínica e que não mais necessitarem de ventilação mecânica invasiva, forem reospitalizados ou em caso de solicitação do próprio paciente ou seu responsável legal.

Modalidade de assistência disponível em vários países, o Home Care reduz as internações hospitalares prolongadas. De acordo com Rubens Antônio Bento Ribeiro, dentre os vários fatores que contribuem para o aumento desses serviços estão à transição demográfica, o envelhecimento da população, a transição epidemiológica, o aumento de doenças de caráter crônico e que levam a sobrevida dependente de recursos de alta tecnologia, o aumento da demanda pelos serviços de saúde fazendo com que a disponibilidade de leitos hospitalares se torne insuficiente, a necessidade da diminuição de custos relacionados ao sistema de saúde e principalmente, a necessidade de humanização da assistência à saúde.

Celi Gomes