18/01/2024 às 10h38

Período chuvoso aumenta risco de contaminação por leptospirose

Infecção é causada por bactéria presente na urina de ratos e outros animais

Karinne Viana, da Agência Saúde-DF | Edição: Willian Cavalcanti

Com a chegada das chuvas após longo período de seca, a saúde pública entra em alerta. Água de enxurradas, alagamentos, caixas de esgoto, lama e barro de enchentes tornam-se grandes vilões na propagação da leptospirose. A doença é resultado da exposição direta ou indireta à urina de animais infectados pela bactéria Leptospira e pode causar hemorragias e até levar à morte.

Segundo o médico veterinário da Secretaria de Saúde (SES-DF), Frederico Braz, essa bactéria pode ser encontrada em diferentes animais, porém, no meio urbano, os ratos e ratazanas são os grandes transmissores da doença. “As pessoas podem adoecer ao entrar em contato com a água, lama, lixo ou esgoto contaminados por esses roedores ou outros animais contaminados. A bactéria penetra no organismo através de pequenos ferimentos na pele ou quando a pessoa fica muito tempo dentro da água contaminada”, alerta.

Água de enxurradas, alagamentos, caixas de esgoto, lama e barro de enchentes são grandes vilões na propagação da leptospirose. Foto: Lúcio Bernardo Jr/Agência Brasília

Sintomas

De acordo com o Ministério da Saúde (MS), os sintomas podem levar até 30 dias para se desenvolver, mas normalmente se manifestam entre o sétimo e o décimo quarto dia após a exposição a situações de risco. Os sintomas iniciais são parecidos com os de uma gripe, como moleza, febre, dor de cabeça, dor muscular, falta de apetite, náuseas e vômitos. “Uma característica mais associada à fase precoce é uma vermelhidão nos olhos, que fica inchado, e também dores musculares muito intensas na região lombar e panturrilhas”, explica o médico David Urbaez, Referência Técnica Distrital (RTD) de Infectologia da SES-DF.

Cerca de 15% dos pacientes com leptospirose podem apresentar quadro clínico mais grave, que geralmente começa após a primeira semana de doença. O especialista aponta que, nas formas graves, a manifestação típica da leptospirose é a Síndrome de Weil, caracterizada pela icterícia (coloração amarela de pele e mucosas), com fraqueza, insuficiência renal nos exames laboratoriais e hemorragias. A mais frequente e temida é a hemorragia pulmonar, que pode levar a óbito.

Dados da SES-DF mostram que, em 2023, foram notificados 115 casos suspeitos de leptospirose no Distrito Federal. Desses, oito casos foram confirmados, com o óbito de um paciente de Samambaia.

A leptospirose pode ser causada pela exposição direta ou indireta à urina de animais infectados pela bactéria Leptospira e pode levar à morte. Foto: Sandro Araújo/Agência Saúde-DF

Tratamento

Normalmente, o tratamento para a leptospirose é feito por meio de antibióticos que combatem a proliferação da bactéria no indivíduo infectado. Ao apresentar os primeiros sintomas, o paciente deve procurar assistência médica imediatamente.

O acolhimento pode ser feito nas unidades básicas de saúde (UBSs), nos hospitais ou nas unidades de pronto atendimento (UPAs). Para casos leves, o atendimento é ambulatorial, mas, em situações graves, a hospitalização deve ser imediata para prevenir complicações e reduzir a letalidade. A automedicação não é recomendada.

Medidas preventivas

Dentre as ações da Secretaria de Saúde para evitar a proliferação desses animais e a disseminação da doença, estão a educação em saúde para a população não gerar ambientes propícios aos roedores e também a desratização em locais de risco e a investigação dos casos suspeitos de leptospirose.

Além disso, os Agentes de Vigilância Ambiental em Saúde vão a campo e inspecionam caixas de esgoto e ambientes externos em via pública e, nos locais onde há vestígios de ratos e ratazanas, é aplicado raticida. “Trabalhamos diariamente no combate à doença através de visitas domiciliares, avaliando se na residência tem vestígios de ratos e dando orientações à comunidade sobre os cuidados para prevenção desses roedores na moradia”, afirma a Agente de Vigilância Ambiental em Saúde, Karla Lira.

Agentes de Vigilância Ambiental em Saúde colocam veneno em possíveis focos de ratos. Foto: Gabriel Jabur/Agência Brasília

No entanto, o trabalho de prevenção deve ser conjunto e a população também deve adotar precauções, como evitar deixar resíduos de alimentos mal acondicionados ou no solo. Também é importante manter as tampas das caixas de esgoto sempre íntegras, prevenir o contato com água ou lama proveniente de enchentes ou esgotos e proibir que crianças nadem ou brinquem nessas águas.

Se houver necessidade de contato com a água contaminada, é recomendável utilizar luvas e botas impermeáveis, além de desinfetar com água sanitária as áreas e objetos que tiveram contato com ela. Outra medida eficaz é vedar vãos e buracos nas paredes, eliminando potenciais abrigos para os ratos.

Saiba mais sobre o Serviço de Vigilância Ambiental.