Quem pode usar "tadala"?
Quem pode usar "tadala"?
Urologistas recomendam que o consumo de medicamentos como a tadalafila tenha acompanhamento médico e, em alguns casos, psicológico
Humberto Leite, da Agência Saúde-DF | Edição: Natália Moura
É Dia dos Namorados e, na expectativa por momentos especiais, homens têm recorrido cada vez mais a medicamentos como a tadalafila. De acordo com dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a venda do remédio saltou de 21,4 milhões para 64,7 milhões de unidades no Brasil, entre 2020 e 2024. Contudo, apesar de seguros e com poucas contraindicações, seu uso precisa ser adotado com cuidado, sempre sob avaliação médica.
"O órgão sexual mais importante do ser humano é o cérebro", argumenta o chefe do Setor de Urologia e Andrologia do Hospital Regional da Asa Norte (Hran), Paulo Roberto de Assis. De acordo com o médico, o uso de fármacos desse tipo precisa ser pensado caso a caso, avaliando os aspectos da vida sexual do paciente. Como a própria bula já alerta, o medicamento não é indicado para homens que não estejam com disfunção erétil.

"Um jovem que toma tadalafila sem precisar não vai, necessariamente, desenvolver disfunção erétil a longo prazo. Porém, além de estar sujeito aos efeitos colaterais, pode desenvolver uma dependência psicológica da medicação, acreditando ser capaz de realizar o ato sexual apenas se tomá-la", explica Assis.
Diversos fatores podem influenciar na queda do desempenho sexual ou até mesmo em disfunção erétil e ejaculação precoce. Como exemplos estão estresse, mau condicionamento físico, ansiedade, questões psicológicas, diabetes, hipertensão e uso de álcool, cigarro ou outras drogas.
Saúde mental é o melhor remédio
O uso da tadalafila deve ser precedido de uma avaliação médica completa, incluindo, em alguns casos, análise cardíaca. "Não podemos esquecer que o sexo é uma atividade física. É preciso estar bem de saúde", adiciona Assis.
Contudo, a maior barreira, segundo o especialista, seria a psicológica. "Muitos homens têm vergonha ou medo de procurarem assistência. Mas a minha principal recomendação é: caso isso esteja interferindo na sua vida particular, se for um problema, você deve procurar um médico."

Comparações com outros homens, busca de informações não qualificadas e o consumo desenfreado de pornografia são capazes de afastar o público masculino da assistência médica. A "solução mágica" seria, de acordo com Assis, a escolha principal. "Em alguns casos, o mais indicado seria um tratamento psicológico e não fisiológico."
Na rede pública, questões de saúde sexual e planejamento reprodutivo podem ser tratadas na rede de Unidades Básicas de Saúde. Dependendo do caso, o próprio profissional da Equipe de Saúde da Família pode fazer a prescrição do medicamento contra a impotência. Porém, se necessário, é feito o encaminhamento aos profissionais de urologia lotados nas policlínicas.