Lesões por pressão afetam qualidade de vida de pacientes e desafiam cuidadores
Lesões por pressão afetam qualidade de vida de pacientes e desafiam cuidadores
Condição ocorre, geralmente, em pessoas acamadas ou com mobilidade reduzida
Larissa Lustosa, da Agência Saúde DF | Edição: Natalia Moura
Antes chamadas de escara ou úlcera de decúbito, as lesões por pressão são ferimentos causados pela força contínua exercida sobre a pele e tecidos adjacentes. Quando não tratadas adequadamente, podem atingir camadas mais profundas, causando dores, riscos de infecção e piora do quadro clínico. De difícil trato, é uma condição que exige paciência e esforço, impactando diretamente a qualidade de vida da pessoa e da maneira como será cuidada.
Presentes principalmente em pacientes acamados ou com mobilidade reduzida, as lesões acarretam grave sofrimento, aumentando a demanda por precauções e atenção. Trata-se de um problema de saúde pública que ocorre não apenas em hospitais, mas também em residências e instituições de longa permanência.
Como surge
Quando a pressão é combinada com imobilidade, fricção, forças de cisalhamento (deslocamento de tecido em direções opostas) e umidade, as lesões encontram terreno fértil para surgirem. Em pessoas em cadeira de rodas, por exemplo, é comum aparecer ferimentos do tipo na área da pelve, dos ossos dos quadris e dos glúteos. Já em indivíduos acamados, a frequência se dá nas regiões das costas, cotovelos, nádegas, calcanhares e quadris.
Carga no cuidado
Enfermeira e representante da Câmara Técnica de Enfermagem de Cuidados com Incontinência, Pele e Estomas (Catecipe) da Secretaria de Saúde (SES-DF) SES DF, Ana Cássia Mendes Ferreira destaca que o impacto transpõe a qualidade de vida dos pacientes, repercutindo também no esforço e na saúde mental das equipes que cuidam, inclusive de familiares.
“É importante esclarecer que a ocorrência das lesões nem sempre está diretamente ligada à qualidade dos cuidados, especialmente quando todas as medidas de prevenção forem adotadas", reforça a profissional. "Isso significa que os ferimentos podem surgir mesmo que todas as precauções recomendadas sejam tomadas. Outros fatores devem ser considerados na equação: pele, envelhecimento, comorbidades e estado geral da pessoa", pondera.
Como evitar
As lesões podem ser antecipadas, já que surgem de acordo com a posição em que o paciente passa mais tempo. Por isso, os cuidados devem ser redobrados nessas áreas, a fim de aliviar a pressão. Mudar a posição constantemente é fundamental. “Mesmo indivíduos gravemente doentes devem ser mobilizados de forma lenta e gradual, respeitando sua estabilidade clínica. Em geral, recomenda-se alterar o posicionamento com frequência, sempre avaliando a tolerância e a segurança”, detalha Ferreira.
Colchões adaptados para essas situações - como de espuma de alta densidade e viscoelástico - também auxiliam no alívio da pressão nas áreas mais proeminentes. Já a alimentação e a hidratação devem ser oferecidas conforme a capacidade da pessoa, respeitando a via adequada — seja oral, sonda enteral ou parenteral.
As fraldas, por sua vez, precisam ser trocadas para reduzir o contato da pele com urina e fezes, pois essa umidade favorece o rompimento da pele. De forma geral, a higienização correta é, segundo a enfermeira, ponto importante do cuidado. "Pacientes idosos, por exemplo, possuem a pele mais fina e, por isso, precisam estar sempre limpos e hidratados", complementa.