22/12/2025 às 09h47

Preparar ceia em casa é opção para Natal mais saudável

Nutricionista aconselha evitar produtos industrializados e promover a participação de toda a família no preparo

Humberto Leite, da Agência Saúde DF | Edição: Natalia Moura

É praticamente impossível evitar: na ceia de Natal, muita gente "chuta o balde" e transforma a alimentação mais saudável em uma meta para o ano seguinte. Porém, uma dica simples pode ajudar a transformar a noite de 24 de dezembro em um encontro familiar menos danoso para a dieta: preparar a ceia em casa.

"Os pratos natalinos tradicionais, feitos com carnes assadas, farofa, frutas secas, legumes e grãos fazem parte da cultura alimentar brasileira, que deve ser valorizada. As preparações caseiras geralmente têm menos sódio, gordura, açúcar e aditivos químicos", afirma a nutricionista Carolina Cunha, servidora da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF). 
 

Ceia de Natal pode ter exceções. Porém, é importante evitar exageros e saber que pequenas mudanças podem tornar o jantar mais saudável. Foto: Arquivo Agência Brasília

A ceia feita em casa, segundo a profissional, também tem importância para a educação alimentar das crianças: ao acompanharem os preparos, elas aprendem sobre os alimentos, conhecem as tradições culinárias e até aceitam melhor os pratos, além de ser uma atividade diferente para o período de férias. "Resgatar a elaboração alimentar doméstica é uma forma de preservar tradições, fortalecer vínculos familiares e melhorar a qualidade nutricional da ceia", acrescenta Cunha. 

Dedicação e cuidado

Essa é a realidade na casa da Núbia Santos, de 43 anos. Cozinheira de mão cheia, já no início de dezembro começa a ser questionada pelos parentes sobre o que vai servir na véspera do feriado. O preparo, contudo, recebe ajuda de muitas mãos. "Na minha família, a gente sempre teve esse hábito de passar o Natal junto, fazendo todo tipo de comida", conta. Na noite da ceia, a mesa fica cheia, com o marido, seus irmãos, cunhados, sobrinhos e amigos.

Núbia Santos gosta de preparar a ceia de Natal com temperos caseiros e ajuda dos familiares. Foto: Sandro Araújo/Agência Saúde DF

Núbia prefere comprar alimentos para ela mesma preparar. "Eu nunca pego um peru e coloco direto no forno. Prefiro usar o meu tempero caseiro", revela. Ciente da importância dos vegetais, ela aposta na criatividade para fazer apresentações bonitas, que chamam a atenção. "Uso legumes e verduras, cozidos ou crus, para fazer saladas bem bonitas", diz. 

Bom senso nas escolhas

Cunha ressalta a importância do Guia Alimentar para a População Brasileira. Elaborado pelo Ministério da Saúde, o documento reforça que não existem alimentos “proibidos”, mas sim escolhas que devem ser feitas com consciência. As “exceções” podem acontecer, como um doce ou um prato típico das festas, desde que inseridas em uma rotina que continue priorizando alimentos in natura ou minimamente processados, como frutas, vegetais, feijões, carnes, cereais, leite e ovos.
 

Guia Alimentar Brasileiro prioriza alimentos in natura ou minimamente processados, como frutas, vegetais, feijões, carnes, cereais, leite e ovos. Foto: Arquivo Agência Brasília

"O que realmente deve ser evitado ao máximo, especialmente para crianças, são os alimentos ultraprocessados: refrigerantes, salgadinhos, biscoitos recheados, macarrão instantâneo, embutidos, bebidas açucaradas, doces industrializados e produtos prontos ricos em aditivos. Esses alimentos não fazem parte de uma alimentação saudável em nenhuma época do ano e podem interferir no apetite, no comportamento e no estado nutricional", afirma a nutricionista da SES-DF.

"As férias podem trazer uma rotina mais leve e flexível, mas isso não precisa significar 'chutar o balde'. É possível aproveitar encontros, viagens e celebrações sem abrir mão completamente de hábitos saudáveis. É sempre tempo de 'pegar o balde de volta'", acrescenta Cunha.