24/10/2023 às 08h32

Dia Mundial de Combate à Poliomielite marca importância de imunizar crianças

Doença pode ocasionar paralisia infantil, perda de reflexos e de força muscular, além do óbito. Principal forma de proteção é a vacina, disponível, de forma gratuita, nas unidades da Secretaria de Saúde

Rafaella Felix, da Agência Saúde-DF | Edição: Natália Moura

Correr e brincar é algo comum para as crianças, mas a paralisia infantil pode interromper essas e outras alegrias da infância. Por isso, a vacina de poliomielite ocupa um papel fundamental na saúde dos pequenos.

Para marcar tal importância, 24 de outubro é reservado ao Dia Mundial de Combate à Poliomielite. Esta é uma doença causada pelo poliovírus e chamada também de paralisia infantil, que afeta crianças menores de 4 anos e adultos. A principal forma de proteção é a vacina, pois não há tratamento específico.

A imunização do público infantil, contudo, encontra resistência em alguns cenários. Neste ano, a cobertura vacinal correspondente à poliomielite em crianças menores de 1 ano, por exemplo, está em 81,5%, o ideal é 95%. “Um erro comum é achar que, porque a doença não está circulando, a proteção não é mais necessária ou pode ser adiada”, afirma a gerente de Rede de Frio Central da Secretaria de Saúde (SES-DF), Tereza Luíza Pereira.

Em 2022, o índice era ainda mais alarmante, quando a cobertura foi de 74,4%. Para mudar o cenário, em 2023, o governo do Distrito Federal (GDF), por meio da SES-DF, tem colocado em prática ações de busca ativa, incentivando e facilitando o acesso à proteção de todos os públicos, especialmente de crianças. Equipes de saúde, em pareceria com a Secretaria de Educação, foram a escolas e creches, superando 41 mil doses aplicadas. E não só: estruturas da pasta também estiveram presentes, ao longo de todo este ano, em parques, feiras, órgãos públicos, supermercados, zoológico, shoppings, além do Carro da Vacina e a busca de registros.

A data mundial é, portanto, segundo a gerente, relevante para mostrar que o vírus ainda existe e a imunização é o caminho mais assertivo. “Costumo dizer que tem vacina para o vírus, mas não tem vacina para o arrependimento. Se a criança ficar doente, depois vem o questionamento: Por que não vacinei? Por que demorei para ir?”, aconselha.

Tipicamente, a criança deve ser imunizada contra a poliomielite aos dois, quatro e seis primeiros meses de vida. Já as doses de reforço devem ser aos 15 meses e aos 4 anos de idade. A partir de 2024, por recomendação do Ministério da Saúde, as duas últimas doses do esquema vacinal, popularmente denominada de “gotinha”, serão substituídas gradualmente pela vacina injetável.

No DF, a cobertura vacinal das crianças, em paralisia infantil, está em 81,5%, a meta é alcançar 95%. Foto: Sandro Araújo/Agência Saúde-DF

Como ela vem?

A contaminação da poliomielite ocorre no contato direto pessoa a pessoa, por objetos, alimentos e água contaminados com fezes de doentes ou portadores, ou ainda por meio de gotículas ao falar, tossir ou espirrar. A via fecal-oral (pelas fezes) é a forma mais frequente. Assim, a falta de saneamento básico e a vulnerabilidade nas condições de higiene pessoal são facilitadores da doença. O Brasil não registra casos de poliomielite desde 1989. No DF, o último caso foi em 1987.

Um deles foi o de Ricardo Gadelha. Musculatura atrofiada das pernas, problemas na coluna e dores ocasionadas pela poliomielite. “A minha rotina, principalmente na infância, foi preenchida por muitas idas a médicos e a sessões de fisioterapia. Não foi fácil passar por cirurgias para conseguir andar. Até hoje tenho dificuldade de me locomover e deixei, ao longo da vida, de realizar diversas atividades. Não é simples conviver com essas sequelas”, conta o hoje cirurgião-dentista.

Aos 50 anos, após uma trajetória cercada por limitações e dificuldades advindas da paralisia infantil, Ricardo defende imunização. “Infelizmente, fui acometido pela poliomielite antes da primeira dose e meus pais não tiveram a oportunidade de me vacinar. Essa é uma dor que carrego para sempre na vida. Por isso, é imprescindível imunizar todas as crianças. Esse gesto pode fazer toda a diferença.”

Ele ainda complementa: “Não é porque não temos casos no País hoje, que podemos relaxar. O vírus da poliomielite circula em outros países. Com crianças não vacinadas, o risco da reintrodução aqui é muito alto. Então, sempre reforço que a vacina é a primeira grande prova de amor que os pais podem ofertar a um filho, os meus estão com todas em dia.”

Diferente de Ricardo, algumas crianças chegaram a óbito por causa da doença, que, geralmente, tem como consequências perda dos reflexos, da força muscular e paralisia de membros inferiores.

Onde vacinar?

A vacinação contra a poliomielite está disponível nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). Para ser imunizado basta comparecer à unidade com cartão de vacina, documentos de identificação e, se possível, cartão do Sistema Único de Saúde (SUS). Você pode consultar a UBS de referência clicando aqui.

Para ler mais informações sobre a Poliomielite, acesse o site da pasta.