UBS 1 de Vicente Pires realiza passeio com foco na saúde mental
UBS 1 de Vicente Pires realiza passeio com foco na saúde mental
Cerca de 30 idosos participaram da visita ao Complexo Cultural da República
Karinne Viana, da Agência-Saúde DF | Edição: Fabyanne Nabofarzan
Cuidar da mente também é movimentar o corpo, sair da rotina e ocupar novos espaços. Foi com esse espírito que cerca de 30 idosos da Unidade Básica de Saúde (UBS) 1 de Vicente Pires participaram, nesta semana (6), da ação Mentes em Movimento. A iniciativa teve como objetivo trabalhar a promoção de saúde com os usuários da Terapia Comunitária Integrativa realizada na unidade. O grupo foi ao Complexo Cultural da República, onde participou de uma visita guiada que incluiu a Biblioteca Nacional de Brasília e o Museu Nacional da República, espaços que muitos dos participantes nunca haviam explorado.

Foi o caso do aposentado José Batista, 70. “Desde que entrei no grupo, tudo melhorou pra mim. Moro sozinho e hoje estou feliz da vida de poder conhecer esse lugar”, contou emocionado ao ver, pela primeira vez, o interior da Biblioteca Nacional de Brasília. A aposentada Maria Batista, 75, que participa da turma há três anos, também compartilhou a sua experiência. “Esses passeios para nós, que temos problemas emocionais, ajudam muito. Podemos conhecer novas pessoas e nos sentimos mais alegres”, disse.

Durante a visita, os idosos puderam conhecer a estrutura interna da biblioteca, aprender sobre seu acervo e funcionamento. No Museu Nacional, os participantes percorreram o espaço interagindo com elementos da história de Brasília. A iniciativa foi organizada pela equipe multiprofissional (e-Multi), em parceria com a equipe de Saúde da Família (eSF) da unidade.
Para a terapeuta ocupacional (TO) da unidade, Marília Mendes, a ação foi pensada dentro do planejamento terapêutico, aliando o cuidado à cultura e à vivência social. “A saúde não acontece só dentro da UBS. Ao ocupar os espaços da cidade, fomentamos o acesso à cultura, à socialização e à troca entre os participantes. É nesse movimento que fortalecemos a promoção da saúde de forma integrada e comunitária”, ressaltou.
Pertencimento
A ideia do passeio surgiu durante uma roda de conversa da Terapia Comunitária Integrativa, na semana do aniversário de Brasília. Na ocasião, alguns participantes comentaram que, apesar de viverem há anos na capital, ainda não conheciam seus principais pontos turísticos. Fatores como rotina, mobilidade reduzida ou até mesmo falta de recursos financeiros acabaram adiando essas visitas.

“A equipe acolheu o desejo do grupo e, com o apoio da gerência da unidade, conseguimos transformar a conversa em uma ação concreta de cuidado e integração com a cidade. Esse passeio foi uma forma de ampliar horizontes e fortalecer vínculos”, explicou a técnica em enfermagem da equipe, Carla Rego.
Apesar de a maioria ser composta por idosos, o grupo, que se reúne semanalmente, é aberto a usuários maiores de 18 anos com demandas de saúde mental leve. Segundo a psicóloga da e-multi, Sofia Lisboa, o espaço promove acolhimento e escuta ativa. “Os pacientes criam um vínculo muito grande e um sentimento de pertencimento na Terapia Comunitária. Mesmo diante de desafios pessoais, eles conseguem acessar outras formas de cuidado, convivência e bem-estar”, afirmou.
A equipe planeja novas ações até o fim do ano. A proposta é seguir ouvindo os desejos dos usuários e transformá-los em experiências de cuidado, inclusão e transformação.