Hepatite A

A hepatite A é uma doença transmissível, aguda e causada pelo vírus da hepatite A (HAV), que em geral não apresenta sintomas na fase inicial. A pessoa exposta a esse vírus adquire imunidade, ou seja, não terá uma nova infecção. Em casos raros, cerca de 1% dos casos, a hepatite A pode causar a inflamação aguda grave do fígado (hepatite fulminante). Adultos e idosos têm risco acrescido de desenvolver formas graves e prolongadas da doença.

Transmissão 

  • Via fecal-oral (condições precárias de saneamento básico de água e de higiene pessoal);
  • Contato pessoal próximo (intradomiciliares, pessoas em situação de rua ou entre crianças em  creches);
  • Consumo de água e de alimentos contaminados com fezes de indivíduos infectados;
  • Prática sexual com contato oral-anal (contato entre pessoas infectadas, especialmente em homens que fazem sexo com homens - HSH);
  • Uso de drogas.
  • A transmissão por via sanguínea é rara, porque o vírus não causa infecção crônica. Rara também é a transmissão vertical.
  • A estabilidade do vírus da hepatite A (HAV) no meio ambiente e a grande quantidade de vírus presente nas fezes dos indivíduos infectados contribuem para a transmissão. Crianças podem manter a eliminação viral até 5 (cinco) meses após a resolução clínica da doença.

Sinais e sintomas
A infecção pelo vírus da hepatite A (HAV) pode ser assintomática, subclínica ou provocar um quadro agudo, quase sempre autolimitado. Geralmente, quando presentes, os sintomas são inespecíficos, podendo se manifestar inicialmente como: 
    • Fadiga, 
    • Mal-estar, 
    • Febre, 
    • Dores musculares. 
    • Sintomas gastrointestinais como: enjoo, vômitos, dor abdominal, constipação ou diarreia.

Os sintomas costumam aparecer de 15 a 50 dias após a infecção e duram menos de dois meses. 

A presença de urina escura ocorre antes do início da fase em que a pessoa pode apresentar icterícia (pele e os olhos amarelados). 

O vírus tem um período de incubação variando de 15 a 50 dias, com média de 30 dias. Durante este período, a pessoa pode estar infectada sem sintomas. A transmissibilidade ocorre desde duas semanas antes do início da infecção até cerca de duas semanas após o surgimento dos sintomas. Isso significa que alguém infectado pode transmitir o vírus antes dos sintomas e até o final da segunda semana após o início dos mesmos.

Diagnóstico
O diagnóstico da infecção atual ou recente é realizado por exame de sangue, no qual se pesquisa a presença de anticorpos anti-HAV IgM (infecção inicial), que podem permanecer detectáveis por cerca de seis meses. Após a infecção e evolução para a cura, os anticorpos produzidos impedem nova infeção, produzindo uma imunidade duradoura.

Complicações
Na maioria dos casos, a hepatite A é uma doença de caráter benigno, contudo pode apresentar maior gravidade e complicações com o avanço da idade, como evolução para hepatite fulminante, insuficiência hepática aguda e encefalopatia hepática.  Em geral, a hepatite A não evolui para a cronicidade e promove imunidade para toda a vida.

Em um quadro clássico, a hepatite fulminante com insuficiência hepática é rara, ocorrendo em menos de 1% dos casos. A letalidade varia de 0,3-0,6%, sendo que aumenta com a idade, e atinge 1,8% em doentes com mais de 50 anos. 

Ao contrário da hepatite B e C, a hepatite A não causa doença hepática crônica, mas pode causar sintomas debilitantes e, raramente, hepatite fulminante (insuficiência hepática aguda), que é frequentemente fatal.

Tratamento
Não há nenhum tratamento específico para hepatite A. O mais importante é evitar a automedicação para alívio dos sintomas, uma vez que, o uso de medicamentos desnecessários ou que são tóxicos ao fígado, podem piorar o quadro. 

No atendimento médico, o profissional deverá prescrever o medicamento mais adequado para melhorar o conforto e garantir o balanço nutricional adequado, incluindo a reposição de fluidos perdidos pelos vômitos e diarreia. 

A hospitalização está indicada apenas nos casos de insuficiência hepática aguda (OMS, 2018a).

Prevenção

  • Higienizar as mãos com água e sabão antes de preparar ou consumir alimentos;
  • Higienizar os alimentos crus antes do consumo;
  • Imunizar de acordo com o Calendário Nacional de Vacinação e para populações suscetíveis,  conforme as indicações do Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE).
  • Usar de preservativos e a higienizar as mãos, a genitália, o períneo e a região anal, antes e após as relações sexuais.

Recomendações

  • Confirmar a fonte de contaminação por meio de investigação epidemiológica e análises laboratoriais;
  • Identificar os casos confirmados e suspeitos de hepatite A e rastrear vínculos entre eles;
  • Notificar no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), utilizando a Ficha de Investigação das Hepatites Virais;
  • Notificar imediatamente as autoridades de saúde pública em casos de surto;
  • Isolar os pacientes infectados, principalmente em ambientes comunitários como escolas, creches e instituições de cuidados de saúde;
  • Fornecer tratamento adequado e monitoramento médico aos pacientes afetado;
  • Orientar os profissionais de saúde e a população em geral sobre os sintomas da doença, medidas de prevenção e as medidas a serem adotadas em caso de suspeita de contaminação;
  • Reforçar as práticas de higiene pessoal, especialmente lavagem adequada das mãos após o uso do banheiro e antes de manusear alimentos;
  • Reforçar a vacinação contra hepatite A em pacientes com critérios já definidos para vacinação (pacientes com HIV/ aids Portadores crônicos de VHB e VHC e outras hepatopatias crônicas).
  • Divulgar a pratica de sexo seguro: o uso de preservativos para prevenir infecções sexualmente transmissíveis, incluindo HIV e hepatite B e C.
  • Divulgar a informação para que se evite a exposição fecal-oral durante a atividade sexual, a fim de prevenir outras infecções como a hepatite A (como, uso de barreiras de látex durante sexo ora-anal, luvas de látex para dedilhado ou "fisting", lavagem de mãos e da região genital e anal antes e depois da prática sexual).
  • Monitorar ativamente os casos de hepatite A e avaliar a eficácia das medidas implementadas.
  • Para controlar a transmissão da hepatite A, é essencial uma cooperação efetiva entre autoridades de saúde pública, profissionais de saúde, comunidades e instituições. A implementação coordenada de medidas preventivas e de controle é crucial para evitar a eclosão de surtos e garantir uma resposta ágil e eficaz. 
  • A prevenção da hepatite A abrange diversas estratégias, incluindo a promoção da higiene pessoal, melhorias no saneamento básico, disponibilização da vacina - altamente eficaz na prevenção da doença - e assegurar a segurança da água e dos alimentos.
  • Adicionalmente, medidas como o uso de preservativos e a higienização das mãos, genitália, períneo e região anal antes e após as relações sexuais são indicadas para prevenir a transmissão do vírus da hepatite A por contato oral-anal. Essas práticas combinadas são essenciais para reduzir o risco de propagação da doença e proteger a saúde pública.

Documentos

Nota Técnica - Hepatite A
Memorando Circular Nº 14/2024 - Alerta epidemiológico sobre a hepatite A

Informativos Epidemiológicos