Biofábrica de wolbitos: entenda como funciona produção dos mosquitos que vão auxiliar no combate à dengue
Biofábrica de wolbitos: entenda como funciona produção dos mosquitos que vão auxiliar no combate à dengue
Mosquitos amigos serão soltos no ambiente em 10 regiões administrativas do DF e em dois municípios de Goiás
Larissa Lustoza, da Agência Saúde DF
Na biofábrica do mosquito Wolbito, instalada no Distrito Federal pela Secretaria de Saúde (SES-DF), o ciclo de produção funciona de forma semelhante a uma fábrica tradicional: a matéria-prima chega, é transformada, embalada e distribuída. O diferencial é que o produto final será um aliado no enfrentamento da dengue e de outras arboviroses. Trata-se dos mosquitos Aedes aegypti inoculados com a bactéria Wolbachia, que impede o desenvolvimento dos vírus de dengue, zika, chikungunya e febre amarela. O objetivo é reduzir a transmissão dessas doenças na população.

O novo método é seguro e não representa riscos, conforme explica o coordenador de operações da Wolbito do Brasil, Caio Rabelo. “A Wolbachia já está naturalmente presente em vários insetos, inclusive naqueles que temos uma proximidade extrema, como as abelhas. Consumimos esses produtos e temos contato com a Wolbachia desde sempre, então sabemos que a bactéria não causa nada”, detalha.
O subsecretário de Vigilância à Saúde (SVS) da SES-DF, Fabiano dos Anjos Martins, destaca que, além de inofensiva, a bactéria não permite que os vírus se multipliquem no organismo do mosquito. “A Wolbachia não faz nenhum mal, tanto para o mosquito quanto para qualquer outro animal que tenha contato com ela, como nós seres humanos. Mas ela impede que o vírus consiga se reproduzir nesse mosquito”.

Como funciona a produção
Os ovos dos chamados "mosquitos amigos" (wolbitos), vindos de Curitiba, no Paraná, chegam ao DF já encapsulados. Na biofábrica da SES-DF, os ovos são colocados em potes com água e alimento. Um pedaço de tule, firmemente preso à boca do pote, permite ventilação e segurança dos mosquitos.
Os potes ficam em um ambiente com temperatura controlada, por volta de 30 graus, para melhor evolução e reprodução. De sete a 14 dias, os mosquitos saem de larvas e pupas até se tornarem adultos. Uma vez nesse estágio, os recipientes com os wolbitos são transportados em caixas para as regiões administrativas e soltos no meio ambiente.
Esses insetos serão lançados em Planaltina, Brazlândia, Sobradinho II, São Sebastião, Fercal, Estrutural, Varjão, Arapoanga, Paranoá e Itapoã, além dos municípios de Luziânia e Valparaíso, em Goiás.

Reprodução
Após a soltura, os wolbitos se reproduzem com os mosquitos selvagens, transmitindo a bactéria para as próximas gerações. Há ainda outro efeito importante: quando um macho infectado com a Wolbachia cruza com uma fêmea selvagem, não nascem filhotes, contribuindo para substituir a população de insetos transmissores.
Segundo o gerente de Implementação da Wolbito do Brasil, Gabriel Sylvestre, a estimativa é que o processo seja autossustentável. “Com a soltura dessa população de 'mosquitos amigos', a tendência é reduzir a transmissão desses vírus. Dado um tempo, a população de wolbitos vai subir de uma forma significativa e a selvagem, diminuir", explica.
