Cuidado domiciliar: Hospital Regional de Ceilândia leva atenção integral para crianças com condições crônicas complexas
Cuidado domiciliar: Hospital Regional de Ceilândia leva atenção integral para crianças com condições crônicas complexas
Serviço é ofertado desde a saída da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal, passando por uma enfermaria de transição até o cuidado em casa
Larissa Lustosa, da Agência Saúde DF | Edição: Fabyanne Nabofarzan
No Hospital Regional da Ceilândia (HRC), uma equipe multiprofissional tem se dedicado a levar o cuidado contínuo a crianças com condições crônicas complexas de saúde, seja em casa ou em instituições de acolhimento. No Núcleo de Atenção Domiciliar (Nrad), o atendimento ultrapassa os limites dos hospitais e acompanha cada paciente infantil pelo tempo necessário, garantindo suporte integral às famílias.
As crianças com condições crônicas complexas de saúde formam um conceito relativamente novo na literatura especializada e inclui meninos e meninas nascidos prematuramente - de forma extrema - ou com malformações congênitas. Devido ao avanço da tecnologia, muitos dos bebês, que antes não sobreviviam, alcançaram uma sobrevida maior e chegam à infância, muitas vezes com desafios no desenvolvimento e na rotina de cuidados.
Pensando nisso, a equipe do HRC inovou ao estruturar uma trajetória de cuidado completa, integrando desde a saída da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (Utin), passando por uma enfermaria de transição até o cuidado domiciliar. A proposta é assegurar que a passagem do ambiente hospitalar para o lar ocorra de forma segura, planejada e com o suporte contínuo.
“Hoje, as crianças com condições complexas estão nos nossos cenários, nas nossas enfermarias e ambulatórios, muitas vindas da sua jornada da UTI neonatal e, para elas, não existe política pública ainda. No nosso trabalho cotidiano, precisamos nos organizar para cuidar delas”, explica a pediatra paliativista, Andrea Araújo. “O nosso maior desafio é assegurar a alta para casa de uma forma segura e com qualidade”, completou.
Reconhecimento
O trabalho desenvolvido pelo Nrad de Ceilândia tem ganhado destaque fora do Distrito Federal. Entre novembro e dezembro, a atuação dos servidores do núcleo foi acompanhada por profissionais do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF), da Fiocruz.
Durante a visita, também ocorreu a proposta de elaborar um vídeo mostrando a forma de trabalho para que ele possa ser anexado ao portal de boas práticas do Instituto Fernandes Figueiredo, uma plataforma que oferece conteúdo e troca de experiências para equipes e gestores de saúde de outras localidades.
Como funciona
Os Núcleos Regionais de Atenção Domiciliar constituem unidades da Secretaria de Saúde (SES-DF) responsáveis pela assistência domiciliar a pacientes que, em razão de restrição ao leito, apresentem indicação para continuidade do cuidado em ambiente domiciliar. Esse modelo assistencial é destinado aos usuários que necessitam de acompanhamento multiprofissional frequente ou que fazem uso de equipamentos e procedimentos de maior complexidade, tornando esse cuidado a estratégia mais adequada ao seu quadro clínico.
As equipes dos núcleos são habilitadas junto ao Ministério da Saúde e, em geral, são compostas por médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas e assistentes sociais. Também podem fazer parte outras especialidades, como fonoaudiólogos, nutricionistas, psicólogos, terapeutas ocupacionais e cirurgiões-dentistas.
Acesso ao serviço
O acesso pode ocorrer de duas formas: durante a internação hospitalar ou em acompanhamento na Atenção Primária. No primeiro caso, a equipe assistencial da unidade de saúde preenche os formulários específicos e realiza o encaminhamento ao Nrad correspondente ao domicílio do paciente, para avaliação dos critérios ao programa.
Já no acompanhamento da Atenção Primária, o paciente fica em casa sob responsabilidade da equipe da Unidade Básica de Saúde (UBS). Nessa situação, o encaminhamento também é realizado mediante o preenchimento dos formulários padronizados.
Após o recebimento da documentação, o Núcleo faz a avaliação técnica e, havendo critérios para admissão, realiza a inclusão do paciente no serviço, com a elaboração de um Plano Terapêutico Singular (PTS) que contemple as necessidades assistenciais individuais.