Saúde promove I Fórum de Doença Avançada por Aids do DF
Saúde promove I Fórum de Doença Avançada por Aids do DF
Profissionais debatem estágio tardio da infecção pelo HIV. Na capital federal, entre 2020 e 2024, foram cerca de 450 óbitos tendo a aids como causa básica
Ingrid Soares, da Agência Saúde DF | Edição: Natália Moura
A Secretaria de Saúde (SES-DF) promoveu, nesta quarta-feira (10), o I Fórum de Doença Avançada por Aids do Distrito Federal. O objetivo foi atualizar profissionais sobre o manejo clínico e terapêutico do estágio tardio da contaminação pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV). Nessa fase, há imunossupressão grave, dificultando o tratamento de infecções e de certos tipos de cânceres.
“Essa preparação é essencial porque ainda existem pessoas com diagnóstico tardio, fato que provoca adoecimento e óbito por aids. Portanto, é essencial que os profissionais se sensibilizem, reconheçam os sintomas precocemente, consigam acolher e tratar esses pacientes", destaca a médica infectologista da Gerência de Vigilância de Infecções Sexualmente Transmissíveis (Gevist), Eveline Vale.
Realizado no Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen), o evento contou com a participação de profissionais do Serviço de Referência em HIV e Aids do Hospital Universitário de Brasília (HUB), Hospital de Base (HBDF), hospitais regionais de Taguatinga (HRT) e da Asa Norte (Hran), Centro Especializado em Doenças Infecciosas (Cedin) e policlínicas (equipes multidisciplinares).
Estágio avançado
Pessoas com doença avançada pelo HIV enfrentam um risco aumentado de infecções graves e mortalidade, especialmente se não receberem diagnóstico e tratamento oportunos. Isso significa que, ao ser detectado cedo, o vírus não necessariamente irá evoluir para a aids, permitindo que seu portador, com o acompanhamento e a terapia adequados, leve uma vida de qualidade.
O último Boletim Epidemiológico da SES-DF, divulgado neste mês, indica que 42,6% dos casos de HIV, registrados entre 2020 e 2024 no DF, ocorreram em pessoas de 20 a 29 anos. No mesmo período, foram notificados mais de 3,8 mil casos de infecção pelo vírus e 1,1 mil casos de aids em residentes da capital, com 448 óbitos tendo a aids como causa básica.
Diante do cenário, a palestrante Camila Damasceno, referência técnica distrital (RTD) de Medicina de Família e Comunidade da SES-DF, endossa que o fórum auxilia os servidores de todos os níveis de atenção a oferecerem um atendimento com maior qualidade. “A partir do que é aprendido nesse encontro, quem está no pronto-socorro, na Unidade de Pronto Atendimento [UPA] ou nos hospitais vai reconhecer com mais facilidade os sinais de doença avançada e o que fazer para prover o melhor cuidado possível àquele paciente."
Participante do evento, o sanitarista Adriano Caetano acredita que o debate seja fundamental para evitar óbitos: “Temos um grande avanço da medicalização, então, por que até hoje há tantas pessoas morrendo por aids? É um tema que envolve determinantes sociais de saúde, estigma, preconceito, intersecções de raça, de classe e de gênero. São muitas nuances e variáveis que, certamente, precisam ser reforçadas no dia a dia dos profissionais de saúde", avalia.
Prevenção e tratamento
Na rede pública, é possível ter acesso gratuito a preservativos internos e externos e testagem rápida por meio das Unidades Básicas de Saúde (UBSs). Há, ainda, tratamentos de Profilaxia Pós-Exposição de Risco (PEP) e Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) ao HIV.